Conheço quem não saiba distinguir a esquerda da direita. Literalmente.
Estou mesmo a falar das mãos.
Mas tenho um exemplo em casa. Sei do que estou a falar. Sem um ponto de referência, a minha filha não consegue mesmo distinguir um lado do outro.
Por vezes, nos nossos passeios de bicicleta, eu ia atrás dela e gritava-lhe:
-Agora vira à esquerda!
Perguntava ela, muito aflita:
-Para que lado, mãe? Diz depressa...
... mas ainda venho aqui deixar a foto do meu mini-presépio, com votos de um grande 2009 a todos os que têm vindo visitar este meu cantinho.
Faz hoje um ano que a minha Mafaldinha veio cá para casa. Muito bem aceite por todos (bem, menos pela Amélie, que não lhe achou grande piada), era uma querida, meiguinha e bem comportada. Hoje não posso dizer o mesmo. Meiguinha, continua a ser, mas de bem comportada não tem nada.
É uma peste terrorista, que se atira em voo picado do alto do guarda-fatos para cima da minha cama, aterrando invariavelmente em cima da minha cara ou da minha cabeça, salta para cima de tudo o que é móvel, estante e prateleira, atirando com tudo o que é objecto para o chão...um dia destes, estava eu sentada ao lado de um armário, onde costumo colocar a ventoinha durante o tempo frio, quando vejo um vulto a saltar para cima do dito armário e logo de seguida outro vulto direito a mim. Se não me tenho levantado logo, a ventoinha caía em cheio em cima da minha cabeça.
Uma querida, não é?
Mas o que eu queria mesmo dizer, ao contrário do que possa parecer, é que gosto cada vez mais da minha pestinha e, como homenagem ao primeiro de muitos anos que espero se mantenha na nossa companhia, aqui deixo a sua foto.
Hoje de manhã apanhei o autocarro do costume para ir para o emprego e, qual não foi o meu espanto, quando verifiquei que era um veículo ainda a cheirar a novo, todo xpto. Tenho de explicar que me admirei, porque os autocarros daquela carreira costumavam ser dos mais velhos que a empresa tinha.
Continuando, sentei-me e olhei em frente. Um enorme placard luminoso indicava qual a rua onde estávamos e, mais ou menos à semelhança do que acontece com o eléctrico de Belém, ouviu-se um toque e a voz de uma senhora que dizia, à letra, o que se podia ler no dito placard: próxima paragem: "erre ponto éme ó erre ponto soares".*
Os viajantes entreolharam-se, estupefactos e, uma vez que cerca de 80% das pessoas que apanham aquele autocarro são colegas, começaram a perguntar uns aos outros: "o que é que ela disse?"
Na paragem seguinte, mais do mesmo: próxima paragem: "pê ponto pê ponto couceiro".*
Entretanto, já meio autocarro se ria.
Finalmente, antes de sairmos, ainda pudemos confirmar que era a paragem certa: "erre ponto cê é ésse ponto verde"*.
Os tais oitenta por cento dos viajantes saíram a rir com gosto, deixando os restantes vinte por cento ansiosos por chegar à paragem seguinte para se rirem mais um bocado.
Enfim, acho que a intenção até era boa, mas para quem não é de Lisboa, a informação é inútil.
Mas faça-se justiça, algum proveito a inovação teve: alegrou a manhã de umas dezenas de pessoas...
*Tradução: Rua Morais Soares (R.Mor.Soares)
Praça Paiva Couceiro (P.P.Couceiro)
Rua Cesário Verde (R.Ces.Verde)
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